domingo, 29 de abril de 2012

Volver



Fã de filmes de Hollywood que tinham protagonistas á beira do abismo, o diretor Pedro Almodovar sempre colocou no centro dos seus filmes uma figura feminina forte e intensa. Descoberto no cinema underground espanhol e criador de pequena pérolas do cinema alternativo na década de 80, Almodovar se lançou para o estrelato com Mulheres a Beira de um Ataque de Nervos, protagonizado por uma de suas atrizes favoritas, Carmem Maura, onde o diretor usava de linguagem dupla entre a história de uma mulher que dublava filmes clássicos americanos e se envolvia com um homem casado. Depois de um grande refinanamento visual na sua era "Hollywood", Almodovar resolveu voltar a tratar de temas femininos e sobre a forte e exótica figura da mulher espanhola com Volver, lançado em 2006.

Volver fala sobre duas irmãs, Raimunda e Sole, a primeira é batalhadora de forte e a segunda leva sua vida de forma devagar a sem perspectivas. As duas voltam a casa da família para limpar os túmulos dos pais mortos em um incêndio. Depois que a filha de Raimunda acaba matando o pai depois de uma tentativa de estupro e a tia das duas irmãs morre, a história das duas acabam se distanciando, Raimunda usa de toda a sua presença materna para ajudar a filha a se sentir menos culpada pelo morte do pai e Sole acaba reecontrando a mãe, que todos achavam que estava morta.

Cheio de detalhes que tornam o filme um charme, Volver não é nem por decreto o melhor filme de Almodovar, mas foi a oportunidade da nova geração de ver uma grande homenagem do diretor a figura feminina e principalmente materna. O diretor usa de uma história um tanto quanto novelesca para dar o tom de mistério e drama de seu filme, Volver é uma produção que apresenta diversas reviravoltas e não se torna monótomo em nenhuma momento. Como sempre dando espaço para o vermelho, que representa a paixão, o intenso e o pecado, o filme se explica pelas características de sua cor mais forte e viva. Usando de pequenas imagens simbólicas, como por exemplo, os seis fartos de Penelope Cruz, que representam a figura materna espanhola, Almodovar cria uma pequena pérola.

Todo o elenco feminino do filme está impecável. Penelope Cruz carimbou seu passaporte para ser vista finalmente como uma grande atriz, sua atuação é intensa, forte e emotiva , a atriz conseguiu encarnar com perfeição até onde uma mulher pode chegar depois que é abandonada por todos os homens de sua vida. A ótima Lola Dueñas mostra uma bela e engraçada atuação como Soli e a intensa Blanca Portillo intensifica a história como a personagem feminina mais misteriosa do filme. Voltando a trabalhar com o diretor que a levou a fama, Carmem Maura mostra como de costume uma atuação soberba, é um verdadeiro prazer ver a atriz voltando a trabalhar com Almodovar depois de tanto tempo, e mostrando a ótima conexão de sempre.

Um filme agradável e feito para ser visto para o grande público. Depois de temas polêmicos como os de Má Educação, Fale com Ela e Tudo Sobre Minha Mãe, o diretor fez uma história leve e diretamente ligada com o seu passado. Cheio de figuras femininas excêntricas e fortes, Volver é um ótimo filme de "mulher", mas bem mais intenso, absurdo e criativo que de costume.

8.0/10

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