terça-feira, 17 de abril de 2012

Pulp Fiction



Em 1994 o diretor Quentin Tarantino liderou uma revolução cinematográfica. Lançando o filme Pulp Fiction no festival de Cannes e vencendo a Palma de Ouro, o diretor arrebentou as portas dos grandes estúdios e abriu caminho para diversos diretores lançarem trabalhos mais autorais e ousados, caso de David Fincher com Clube da Luta, Tom Tykwer com Corra Lola, Corra e os irmãos Wachowski com Matrix. Filmes que falavam de uma geração, que retratavam experiências adquiridas durante anos como espectadores levados a grande tela.


Pulp Fiction é uma produção que representa todas as influências de Quentin Tarantino como fã de filmes B, produções de artes marcias e filmes que falavam sobre duplas de gangsters. Colocando uma visão ousada, com diálogos bem montados e cheios de referências, Pulp Fiction se torna uma verdadeira obra de arte para fãs da cultura pop e aficionados por produções menores e consideradas trash, uma grande homenagem a arte de fazer cinema com poucos recursos. Mesmo que para o resto do público, essas influências não façam muito sentido e passem batido, o filme funciona com o grande massa e prende a atenção com uma narrativa ousadíssima.


O filme de início retrata uma cena curiosa, dois gangsters, Vicent e Jules, entram dentro de um apartamento e matam a sangue frio um jovem que aparentemente fez algo de ruim contra alguém que eles "trabalham". Pulando etapas e contando a história com buracos, o filme logo parte para o encontro de Vicent com a esposa de seu "chefe", que o encarregou de distrair sua companheira enquanto ele estivesse longe, depois de uma divertida noite em um club alternativo, Mia, a esposa do chefe de Vicent, quase morre de uma overdose e a produção parte para sua segunda parte, que retrata a história do boxeador Butch, que fará sua última luta e é encarregado pelo gangster marido de Mia de ser derrotado, desistindo de última hora, o boxeador foge e passa a ser procurado por gangsters rancororos. Perseguido e acuado, o boxeador acaba virando protagonista de uma história absurda e nunca vista no cinema, envolvendo atos sexuais bizarros e reviravoltas brilhantes.


Com uma história nada comum e absurda, Pulp Fiction se torna um verdadeiro retrato da geração dos anos 90, a geração do "faça você mesmo". Através de Quentin Tarantino, esse público achou um mito para endeusar, com sua criatividade acima da média para escrever roteiros ousados, o diretor mostra em Pulp Fiction que seus anos de trancafiamento em cinemas de segunda linha, onde assistia produções baratas, resultou em bons frutos. Pulp Fiction conta sua história de maneira um pouco solta, como se fosse um grande quebra cabeça, sendo montado apenas no final do filme, onde se entende toda sua razão e sentido, e talvez por isso, ele tenha causado tanto impacto, já que essa narrativa cheia de "buracos" foi pouco usada em filmes americanos.


Responsável por levar John Travolta novamente ao estrelato e por fazer de Uma Thurman uma atriz de respeito, o diretor construiu em Pulp Fiction uma reputação que talvez nunca seja capaz de ser manchada, a de tirar excelentes atuações de um elenco pouco comum em personagens absurdos. Fora os dois atores em questão, o resto do elenco também está brilhante, principalmente Samuel L. Jackson, que rouba a cena como um gangster que proclama frases da bíblia antes de cometer seus assassinatos.


Apesar de rico em boas referências e brilhante em seu roteiro ousado, Pulp Fiction é o típico filme que funciona melhor com seu público "alvo". Para o público aficionado em referências, Pulp Fiction é uma produção brilhante e clássica, mas para quem não tem conhecimento sobre as várias influências de Tarantino, pode se sentir perdido.


8.5/10



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