sexta-feira, 13 de abril de 2012

Almas Gêmeas



Em 1994, o diretor Peter Jackson, que posteriormente iria se consagrar como um dos maiores ícones do cinema por dirigir a saga O Senhor dos Anéis, lançou um filme verdadeiramente chocante, que retratava um caso real acontecido na Nova Zelândia na década de 50 e apresentava protagonistas complexas e densas. O filme em questão era Almas Gêmeas, que foi premiado nos festivais de Veneza e Toronto e indicado a melhor roteiro no Oscar.

Pauline e Juliet eram duas adolescentes absolutamente normais, gostavam de ler, ouvir músicas, assistir filmes e idolatravam diversos galãs da época. Solitárias em suas vidas, as duas se apegam de forma rápida e passam a criar um fantasioso mundo onde apenas elas existem, e qualquer pessoa que tentar atrapalhar ou entrar nesse universo, será logo visto como inimigo. A partir do momento que a amizade das duas jovens passa a ficar cada vez mais íntima, os pais de ambas passam a estranhar a proximidade e tentam separá-las. Inconformadas com esse fato e amedrontadas por uma futura separação, Pauline planeja assassinar a sua mãe com a ajuda da amiga, e dessa forma anaquilar o maior obstáculo que existe em seu caminho, já que a mãe proibe a filha de se mudar com Juliet para a África do Sul.

Almas Gêmeas se torna genial por não mostrar ao público o filme apenas pela visão cronológica ou pelos relatos policiais, entra na mente de suas duas personagens centrais e embarca na imaginação fértil e fora do comum de ambas. O filme é visualmente rico e ganha muitos pontos ao retratar em tela o universo paralelo que as duas criam por uma visão surrealista, os efeitos usados em tela são convicentes e ajudam a entender melhor o que levou duas adolescentes que tinham sido bem criadas e recebiam carinho de seus pais a cometer um ato monstruoso e assustador. Peter Jackson mostra nesse trabalho, as qualidades que iriam fazer sua fama no futuro, a capacidade de aliar o universo fantasioso com o real, a falicidade de lidar com seu elenco e é claro, o talento peculiar. O roteiro se torna um dos pontos altos do filme e mereceu sua indicação ao Oscar, com detalhismo rico e não se importando muito com cronologia dos fatos, eleva sua história a um nível superior ao de filmes que retratam crimes reais.

Melanie Lynskey e Kate Winslet, ambas em seus primeiros filmes, arrasam em suas atuações, construíndo suas personagens de maneira assustadora e absolutamente madura para duas jovens atrizes iniciantes. O resto do elenco também está brilhante, principalmente Sarah Pierse, que faz a mãe que Pauline planeja assassinar, a pouco conhecida atriz mostra uma intepretação de cortar o coração, são exemplares seus momentos em que mostra uma mãe desesperada e cada vez mais assustada com a mudança de personalidade de uma filha monstruosa.

Um filme pequeno e pouco visto que foi ganhando fama com o passar dos anos, a partir do momento que alguns envolvidos nele foram se tornando figuras importantes na indústria do cinema. Almas Gêmeas é uma pequena obra de arte e todos seus aspectos são brilhantes. No lançamento do filme, foi descoberto que a escritora inglesa Anne Perry era Juliet Hulme, perguntada por jornalistas como se sentia por ter participado de um assassinato, ela apenas disse que não se lembrava de nada.

9/10

                                            Almas Gêmas: Pauladas na alma

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