quarta-feira, 11 de abril de 2012

Thelma & Louise



O diretor Ridley Scoot sempre é conhecido por colocar personagens femininas fortes em seus filmes, foi Scoot a mente por trás da criação da Tenente Ripley no primeiro filme Alien, onde Sigourney Weaver interpretava uma personagem lutando pela sua sobrevivência no espaço mesmo com um terrível alienígena a sua procura. Em Thelma & Louise o diretor dobrou o dose e colocou duas protagonistas para viverem as personagens centrais de seu filme, fazendo uma grande homenagem ao road movies da década de 60 e 70 como Sem Destino e Bonnie & Clyde, o primeiro que representava uma geração em busca de sua liberdade e o segundo que falava de um casal real que tinha cometido diversos crimes nos Estados Unidos.

Thelma e Louise são duas amigas que moram em uma cidade pequena e vivem uma vida mesquinha e sem perspectivas. Louise se sente infeliz no seu trabalho de garçonete e com o namorado que nunca a pede em noivado e Thelma, demonstra impaciência em relação a um marido que a trata feito criança. Ambas decidem passar um final de semana pescando para fugir um pouco de suas realidades, mas na primeira parada acabam cometendo um crime e fogem, primeiramente porque Louise diz que por serem mulheres, a polícia nunca acreditaria que tinham cometido um assassinato por legítima defesa, e segundo pois reparam que com a fuga, finalmente conseguiram adquirir um estilo de vida livre de homens mandando o que devem e não devem fazer. Ambas acabam moldando suas personalidades e começam a lembrar personagens do cinema clássico, com determinação para passar por cima de qualquer pessoa que apareça em seus caminhos.

O filme causou polêmica e debate pelo seu feminismo feroz, em determinados momentos os críticos conseguiram enchergar um certo fascismo às avessas, pois as protagonistas se colocam contra os homens não pelo que eles são como pessoas, mas unicamente por pertencerem ao sexo masculino. Algumas feministas chegaram a criticá-lo por ir contra os ideiais de igualdade do "movimento", mas outras falaram que nunca viram uma representação mais realista na tela da situação da mulher na sociedade. Debates a parte, o filme é diversão de primeira, Ridley Scoot usa de situações improváveis e de reviravoltas que fazem seu filme ser emocionante e imprevisível.

Com uma fotografia impecável e uma trilha sonora que faz lembrar os antigos filmes de far west, Thelma & Louise usa de todos os clichês do gênero para criar uma grande homenagem ao cinema clássico de Hollywood, que com seu heróis implacáveis provocavam momentos de delírio na platéia, que torcia até o fim pela vitória dos "mocinhos" sobre os "vilões". E o fato de ter sido escolhida duas mulheres como protagonistas, ajuda a criar ainda mais a ligação do público com os personagens. As duas não se colocam contra a sociedade de forma involuntária e sem causa, ambas apontam suas armas para a sociedade patriarcal por acontecimentos que tinham ocorrido antes de colocarem o pé na estraga.

Depois de muitos nomes, o diretor escolheu por Susan Sarandon e Geena Davis para encarnarem as duas heroínas, e depois da primeira cena fica claro que não teriam atrizes melhores para entrar no projeto. Com carismas acima da média e donas de ótimos talentos dramáticos, as duas atrizes constroem suas personagens sem ambições e sem forçar a barra. Ambas mostram conexão e química em dupla, sem demonstrar vaidade ou ego, já que ambas brilham igualmente em cena.

9/10

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