terça-feira, 3 de abril de 2012

O Piano




Em 1994 o Oscar não fez nada mais que o certo, em reparar uma injustiça de quase duas décadas, ao premiar o diretor Steven Spielberg em nove categorias, um dos diretores mais esnobados por seus pares. Porém, no mesmo ano, a Academia premiou em três categorias um dos filmes mais inovadores de todos os tempos, O Piano. Os três prêmios em questão foram para as três mulheres do filme, a diretora Jane Campion, que criou um roteiro primoroso mesmo com diversas pontas soltas, a atriz Holly Hunter, que devido a força de sua atuação, faz o espectador esquecer que ela não fala quase nenhuma palavra em cena e Anna Paquin, na época com 13 anos, se consagrando como uma das mais jovens vencedoras do Oscar.

O Piano não pertence ao estilo de filmagem do cinema europeu e nem ao americano. Se os europeus filmam em forma de poema e os americanos em forma de prosa, O Piano pode ser considerado um verdadeiro romance.

Na Nova Zelândia do século 19, uma jovem mãe inglesa chega a ilha prometida a um propretário de terra. A jovem mãe em questão se chama Ada, que além disso é muda. As únicas duas maneiras de Ada se comunicar com o mundo é através da filha pequena e do seu piano, que leva junto para a ilha. Chegando lá, o noivo se recusa a levar o instrumento, e Ada passa a simpatizar cada vez menos com ele, se mostrando arrogante e não muito satisfeita com o casamento. Dessa forma, Ada pede ajuda ao administrador George Baines, que devido a proximidade com os nativos, acaba carregando características da tribo da ilha. Comovido com a tristeza da jovem recém esposa, Baines leva o piano a sua casa, e começa com Ada um envolvente jogo de sedução. Ele propõe que a cada tecla dada, quer em troca a liberdade de Ada para fazer "coisas que deseja" com ela. Dessa forma, o cenário do adultério está formada.

Cenas de sexo e sedução como nunca antes foram feitas. Os protagonistas se mostram um tanto quanto desajeitos nas cenas de sexo, não existem sussuros, juras de amor e nem nudez involuntária. Em cena, mesmo quando Holly Hunter fica nua, parece esconder mais do que mostra. O roteiro também é um dos pontos altos do filme, não fica muito claro as motivações da protagonista, também não se sabe como foi arranjado o casamento e nem como tinha sido o relacionamento que tinha gerado a filha de Ada. O passado de todos os envolvidos na história é totalmente irrelevante para a narrativa do filme, e talvez por isso, se torne tão envolvente.

As cenas iniciais do filme são de tirar o fôlego, logo nos primeiros minutos a diretora Jane Campion filma um barco por baixo, nunca um barco tinha sido filmado dessa maneira, e as cenas que se seguem são de encher os olhos de qualquer amante da sétima arte. É de se admirar a garra de todos os envolvidos no projeto, além de Jane Campion que mostra sensibilidade e criatividade acima da média, se destaca Holly Hunter, totalmente conectada com Ada, apresentando uma atuação atemporal em uma personagem nada comum. O Piano pode ser considerado um verdadeiro marco da história do cinema, sua narrativa, uso de cenas, fotografia e roteiro colaboraram para se criar um novo panorama para filme de "arte".

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