segunda-feira, 2 de abril de 2012

Correndo com Tesouras



Enquanto os Estados Unidos se transformavam em uma super potência mundial, uma das razões por ter transformado o país em um exemplo para os outros, eram a maneira que as famílias de lá, aparentemente perfeitas, se comportavam diante de sua sociedade. Porém o cinema achou nessa situação curiosa um nicho criativo. Desde 1980, quando o filme Gente como a Gente foi lançado nos cinemas e se transformou em um grande sucesso, o cinema norte americano de vez em quando lança um filme sobre o retrato de uma família destruída por rancores, culpas e dúvidas. Se a aparência mostrava uma família perfeita, o cinema e a literatura tratava de mostrar que esse mundo era infeliz, triste e sem expectativas.

Correndo com Tesouras poderia ser visto como mais um exemplar do gênero, mas devido a sua boa narrativa, foge do clichê e se torna em um filme pouco acima da média das produções sobre dramas familiares. O filme conta a história de Augusten Burroughs, que depois de ver os dois pais se separando, passa a ficar dividido. Porém não ajuda o fato da mãe ser uma aprendiz a escritora frustrada e o pai ser indiferente a tudo e todos. A situação fica fora de controle depois do divórcio e Deirdre, a mãe de Augusten, passa a ser manipulada pelo seu terapeuta e entrega a guarda do filho a ele. O rapaz então, passa a viver com a excêntrica família dele, onde descobre sua homossexualidade e se distancia cada vez mais da mãe, que começa a mergulhar cada vez mais fundo na solidão e na depressão, procurando qualquer coisa que a faça se sentir viva.

O filme foi dirigido por Ryan Murphy, criador das séries de sucesso American Horror Story e Glee. Se nota a personalidade do diretor no decorrer de todo o filme. A história é inteiramente pontuada por uma ótima trilha sonora e o tom surrealista sempre é mostrado com humor negro, a exemplo do que também acontece nas duas séries em questão. No ótimo elenco se destacam a grande atriz Jil Clayburgh, em uma atuação maravilhosamente bem construída e Gwyneth Paltrow, que faz o papel de uma solteirona religiosa, consegue pontuar bem sua atuação com tons cômicos e sombrios. Mas o grande nome do filme é realmente Annette Bening, que cria uma atuação grandiosa e consegue ser o ponto dramático que une todos os fios da história. Uma injustiça ela não ter sido indicada ao Oscar de melhor atriz unicamente pelas (injustas) críticas negativas ao filme.

                                           Drama familiar carregado de humor negro

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