Uma parte literária que geralmente rende boas história e bons filmes, são as voltadas para o minimalismo. Esse estilo que conta com derivados quadros sociais, que se ligam por um meio comum, sempre costumou render grandes produções e o diretor Robert Altman sempte foi um amante dessa vertence. Em 1993 ele adaptou para o cinema o livro Short Cuts, e serviu de insparação para diversos cineastas, como Paul Thomas Anderson que em 1999 lançou o grandioso, excelente e soberbo Magnólia, que conta de forma brilhante como personagens sociais de Los Angeles tem suas vidas interligadas por coincidências.
O filme de início apresenta diversos fatos, que para o narrador passam longe de ser apenas meras coincidências, onde todos os envolvidos são ligados por datas, horas e momentos. Logo em seguida são apresentados os personagens como em um grande mosaico, um doente terminal de câncer, que tem uma esposa bela e jovem que se casou por interesse e um filho que ganha rios de dinheiro ensinando os homens a odiarem as mulheres. No mesmo período todos assistem a um programa de tv que tem como apresentador um amargo homem doente de câncer, com uma filha depende em cocaína, que em determinado dia recebe a visita de um policial justo e correto, por quem acaba se interessando. Fora a parte também é apresentada a história de um ex prodígio infantil, que tinha sido vencedor do tal programa do apresentador com câncer, se tornando em um fracasso adulto, ele tem como maior ambição colocar um aparelho nos dentes para conquistar um barman. Mostrando os personagens inicialmente como caricaturas de filmes dramáticos, o filme vai se tornando mais profundo e revelando as feridas internas de cada um, colocando-os como criaturas infelizes em suas vidas sem perspectivas. Do mais rico ao mais pobre, os personagens de Magnólia em determinado momento vão esbarrar com a triste realidade de suas existências.
Magnólia é um belo exemplo de como um diretor pode chegar ao ápice da perfeição com um roteiro brilhante e um elenco extraordinário. Usando e abusando do surrealismo e da direção incomum, Paul Thomas Anderson conta em 3 horas, uma história comovente e tocante, mesmo que para isso não tenha se prendido a uma narrativa e estilo de filmar clichê. Em determinado momento da história os personagens passam a cantar juntos com a trilha sonora, e em outra cena, ocorre uma tempestade de sapos em Los Angeles, justamente no momento onde todos os personagens são impactados por revelações tristes e situações incomuns. Nas mãos de um diretor menos talentoso, o uso desses fatos poderia cair em um verdadeiro ridículo, mas com Paul Thomas Anderson atrás das câmeras, acaba se tornando belas e simbólicas cenas, onde os personagens conseguem demonstrar seus sentimentos sem o uso de palavras ou gestos.
Ninguém no elenco está menos que soberbo. Tom Cruise está impactante como um homem que usa de um personagem social para esconder seu rancor interno pelo pai que o abandonou, sua cena final provoca um verdadeiro nó na gargante. Julianne Moore chega a um de seus maiores momentos em tela, como uma alpinista social que se vê totalmente apaixonada pelo marido idoso e a beira da morte. Philip Seymour Hoffman e William H. Macy se provam dois dos melhores interpretes de sua geração e a pouco conhecida Melora Walters fecha o filme com chave de ouro com uma atuação comovente como uma viciada em drogas e em afeto masculino.
Um trabalho magnífico, um encontro soberbo entre os envolvidos. Magnólia é um belo exemplo de como se fazer cinema de primeira linha hoje em dia. Paul Thomas Anderson se mostra um dos mais criativos diretores da atualidade. Por esse trabalho, ele definitivamente deixou de pertencer a classe de diretores talentosos e foi para a classe dos grandes.
10/10
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