domingo, 6 de maio de 2012

Vanilla Sky/Abre Los Ojos



Em 1997 foi lançado na espanha um pequeno filme chamado Abre Los Ojos, com uma história surreal, obscura e aterrorizante, essa produção pode ser considerada facilmente um dos melhores suspenses dos últimos 20 anos. Não contentes em apenas chupar as idéias do Alejandro Aménebar em produções como Matrix e A Origem, os americanos também resolveram também fazer sua própria versão do filme espanhol, lançado em 2001 com grande estardalhaço. Primeira regra básica para um remake, ao invés de um grande ator, é escolhido um astro para viver o papel principal, segunda regra, o romance que era apenas sugerido no filme original vira o centro da trama na refilmagem, e terceira regra, para adaptar a história ao gosto dos americanos, é feita uma versão onde estão presentes todas as características estéticas e sonoras que fizeram a fama do cinema da terra do tio Sam.

Tanto na versão espanhola como na americana, o filme conta a história de um jovem narcisista e bem de vida que está no auge de sua existência. Na versão original ele se chama César e na versão americana ele ganha o nome de David. No remake, David se relaciona sexualmente com uma amiga, porém, no dia da festa de seu aniversário ele conhece uma jovem chamada Sofia, que logo de cara se interessa, esse fato provoca o ódio da ex amante, que preterida pelo galã da história, passa a nutir cada vez mais um desejo de vingança. Na mesma noite ela persegue David e oferece uma carona, o rapaz aceita e no meio do caminho descobre que a moça quer se suicidar e leva-lo junto com ela. O carro acaba caindo de cima de uma ponte, a ex amante morre, mas David sobrevive, mas seu rosto, antes impecável, acaba ganhando diversas cicatrizes. Passando por diversas plásticas até conseguir novamente o seu rosto, David passa a adquirir um comportamente cada vez mais estranho, não sabe mais separar a realidade da imaginação e sofre de fortes sentimentos de culpa.

Vanilla Sky é até uma versão simpática do filme espanhol, mas perde muito nos quesitos genialidade e supresa. O tom obscuro da versão espanhola é substituido por uma fotografia colorida e leve na versão americana, a trilha sonora que era um dos pontos altos do filme original, é substituída por bandas modernas de rock. Como o diretor da produção é Cameron Crowe, de Quase Famosos, fica claro que o diretor quis deixar a sua marca na produção e não apenas imitar os mecanismos de Alejandro Aménebar, mas ao se deparar com um roteiro denso e quase impossibilitado de receber mudanças, o diretor americano acaba se prendendo a situações clichês e vendendo o filme como supostamente o público deseja. Os acontecimentos do filme original, que são apresentados em forma de flashs, são mostradas de forma mastigada no remake, e o final, que era um dos pontos altos de Abre Los Ojos, acaba sendo apenas bom em Vanilla Sky, justamente por tentar juntar todas as pontas soltas do filme.

Penelope Cruz conseguiu um feito raro e inédito, acabou interpretando a mesma personagem nos dois filmes em questão, na versão original a jovem arrasa e cria uma atuação surreal e desesperadora, já na versão americana a atriz se concentra em apenas criar uma personalidade inocente para sua personagem, acaba sendo totalmente eclipsada pela coadjuvante do filme, Cameron Diaz. A atriz americana é um dos pontos altos do filme e cria uma ótima atuação para a psicótica e lunática mulher que destrói a vida de David, vivido por Tom Cruise, em uma boa atuação.

Vanilla Sky é uma das diversas versões americanas para filmes estrangeiros. Ao tentar adaptar realidades de outras nacionalidades para seu país, o cinema americano acaba destruíndo diversas histórias, apesar de Vanilla Sky não ser um verdadeiro desastre, assim como os outros, não consegue superar sua versão original.

Abre Los Ojos: 9.0/10
Vanilla Sky: 7.0/10

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