A rainha Elizabeth I passou para a história como uma das maiores figuras políticas e religiosas de todos os tempos. Centrada no meio de uma família absurdamente desestruturada, Elizabeth era filha de Henrique, grande rei protestante e que tinha um grande apetite casamenteiro, Henrique se uniu com oito mulheres diferentes em toda a sua vida, Elizabeth é fruto da segunda união, com Ana Bolena, morta anos depois a pedido do próprio Henrique. Elizabeth cresceu como filha bastarda e bastante distante do trono, devido a morte de um de seus irmãos e a problemas políticos e religiosos que impedira sua irmã, Maria, a permanecer no trono, Elizabeth virou rainha da Inglaterra ainda jovem e se deparou de cara com grandes problemas religiosos existentes. Elizabeth, assim como o pai, era protestante, e lutou contra a instauração da religião católica, fora que teve que lidar com as intrigas do trono.
Representar uma figura tão importante foi algo que o cinema sempre se prestou a fazer, e em 1998 essa ideia atingiu o seu ápice, com o filme Elizabeth, que trazia a até então desconhecida Cate Blanchett no papel principal vivendo a soberana inglesa. Ao contrário da minissérie da BBC de 1972 e o filme Mary, A Rainha da Escócia do mesmo ano, que trazia a rainha por uma ótica mais dura, o filme de 1998 se preocupou em tentar falar da rainha por um viés mais humano, tentando mostra-la como uma jovem despreparada para o trono e que teve que se adaptar a sua colocação. Passada para a história como rainha virgem, a Elizabeth do filme de 1998, tinha optado por essa ideia através de uma desilusão amorosa, ou seja, assim como em todos os filmes modernos, o romantismo estava presente também no filme, apesar desse estilo artístico ter surgido apenas no século XVIII. Esse Elizabeth de 1998 acabou sendo um dos responsáveis pela adoração que a Academia de cinema acabou depositando na história da monarquia inglesa e foi indicado a seis Oscars, fora isso, acabou gerando uma continuação lançado em 1997, e intitulado de A Era de Ouro.
A Era de Ouro pula alguns anos da história da rainha e representa um dos momentos mais críticos de seu reinado. Elizabeth vivia um bom período econômico e cultural em seu país, mas o catolicismo estava tomando conta do resto da Europa através da inquisição e não aceitavam os ideais protestantes impostos na Inglaterra. Elizabeth teve contra si o rei espanhol e ex cunhado, que queria derrubá-la do trono a todo o custo, no mesmo período, também chegou ao auge a rivalidade de Elizabeth com Mary Scoot, a rainha da escócia. Mary Scoot, da dinastia Tudor, acabou atentando contra a vida da rainha inglesa, foi condenada por traição e acabou tendo o pescoço cortado, esse fato acabou gerando a invasão da Espanha na Inglaterra, que acabou em derrota marítima em cima da Espanha e grande queda comercial. O segundo filme, assim como o primeiro, fala da rainha por uma ótica mais humana e também tenta concentrar a história em mais um romance mal sucedido da soberana. A fotografia, a montagem, a direção de arte e os figurinos do filme são excelentes e bastante fiéis a realidade da época, mas o roteiro apresenta diversos furos históricos e acabou desagradando cristãos e protestantes. Não se sabe se são verídicas as cenas do arrependimento de Elizabeth diante a morte de Mary Scoot e também as que mostram a rainha pedindo um beijo a um súdito. Esses momentos acabaram desagradando diversos críticos. A Era de Ouro é mais uma representação comercial do cinema e que tenta criar a história da rainha por uma ótica mais comum.
Cate Blanchett, que vive a mesma Elizabeth nos dois filmes, tem uma competente e bem estruturada atuação em ambas as produções, aproveitando que a era de Elizabeth acabou gerando o nascimento de diversos artistas, a atriz acabou pintando sua atuação com traços renascentistas. O resto do elenco está bastante competente nos dois filmes e se saem bem em suas representações.
Elizabeth e A Era de Ouro são duas das maiores super produções do cinema inglês a retratar a vida de sua família real, dois filmes impecáveis visualmente e que criam um grande sentimento expiatório na plateia, ao mostrar a rainha em momentos críticos de sua história política e pessoal. Mas que se pecam ao mostrar a história da rainha por um viés comum e as vezes até mentiroso, se apegando a criar momentos não verídicos para incrementar a história da soberana inglesa.
Elizabeth 7.5
Elizabeth - A Era de Ouro 7.0
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