quarta-feira, 2 de maio de 2012

O Homem que Mudou o Jogo



O cinema, assim como a música, a televisão e o teatro, usa de repetições para sobreviver e se manter na ativa, de vez em quando surge em tela uma velha figura que representa a imagem global que os americanos querem vender, a imagem da pessoa que vence todos os desafios, aquele sujeito duro na queda e que com o passar do tempo mostra um bom coração e afinidade de lidar com as pessoas a sua volta. Desde Rocky de 1976, o esporte entrou em cena no mundo cinematográfico como pano de fundo para essa figura, e ele está vivo até hoje, seja em bons filmes como O Lutador ou em outras produções nem tão brilhantes como é o caso de Warrior. O mundo do basebol, diferente do boxe e outras lutas do gênero, nunca renderam grandes filmes, nessa vertence existem alguns poucos como Uma Equipe Muito Especial e Sorte no Amor, que ao contrário de filmes de luta, usavam mais uma linguagem ácida do que romantizada. Eis que em pleno 2011 o esporte ganhou seu primeiro filme do gênero para chegar até as massas, caso de O Homem que Mudou o Jogo.

Filme de superação bom, por exigência, tem que retratar uma figura real, no caso, Billy Beane, gerente do time Oakland, um dos lanterninhas do campeonato americano. Billy não sabe mais o que fazer para colocar seu time para frente, e indo contra todas as vontades dos treinadores e donos do time, resolve usar uma técnica ousada e jamais vista no esporte. Ele se junta com o jovem economista Peter Brand para usar de cálculos para tentar decifrar quais jogadores se saíram melhores em suas bases, colocando dessa forma, atletas fora de forma e tidos como fracassados pelos donos dos times.

Não precisa ser nenhum gênio para saber que Billy Beane vai ter sucesso em sua nova empreitada e que irá sair como herói de toda a história. O Homem que Mudou o Jogo é o típico filme que já se sabe no começo como será o fim. Bennett Miller, que já tinha sido indicado ao Oscar em 2006 pela sua estréia na direção, Capote, tenta fazer o que pode com a história que foi colocada em suas mãos, usa e abusa de linguagens técnicas que apenas pessoas ligadas ao esporte entendem, esse esforço porém é em vão, já que quem assiste O Homem que Mudou o Jogo está atrás de uma história que o emocione, e isso em alguns momentos até acontece. O diretor usa de posições de câmeras e fotografias que valorizam e muito a estética do esporte  e criam uma proximidade do espectador com o campo, essa foi uma das boas jogadas do diretor, pena que no resto do filme ele apela para uma história sentimental e piegas, com clichês atrás de clichês, o que tira qualquer chance do filme crescer e supreender.

Brad Pitt se sai bem em sua atuação, mostrando carisma e tenta se mostrar espontâneo com o universo que não tem nada a ver com o seu, o ator consegue se destacar e mostrar uma interpretação justificável para sua indicação ao Oscar. Apesar dos esforços do marido de Angelina Jolie, quem realmente se destaca no elenco são os coadjuvantes, caso do comediante Jonah Hill, mandando bem em uma atuação discreta e Philip Seymour Hoffman, que de protagonista em Capote, aparece em um papel secundário em O Homem que Mudou o Jogo, visivelmente constrangido por estar vivendo um técnico de um time de basebol, o ator mostra sua versatilidade de sempre e evita o espectador de sentir vergonha alheia por seu papel.

O Homem que Mudou o Jogo é um filme feito para agradar o grande público e não se sente nenhum pouco incomodado de fazer isso, usando como pano de fundo um esporte popular apenas na América do Norte, o filme acaba não fazendo muito sentido para os outros habitantes do globo. Amantes do cinema americano com certeza irão gostar, o mesmo não pode ser dito dos apaixonados por basebol.

6.0/10

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