Histórias sobre amizades duradouras geralmente rendem ótimos filmes e emocionam o público, foi isso que aconteceu em 1989 com o tocante e sensível Conduzindo Miss Daisy, que trazia Jessica Tandy no papel da velha senhora judia que se apega totalmente ao seu motorista particular vivido por Morgan Freeman, levando sua amizade até o fim de forma sincera e contida. Usando dessa linguagem clássica do cinema, o canal de televisão HBO, um especialista em levar para sua tela de forma grandiosa e criativa a vida de pessoas marcantes da história social americana, lançou Bernard and Doris, um telefilme que conta a história verídica do relacionamento entre a milionária da indústria do tabaco Doris e seu mordómo Bernard.
Mulher excêntrica e de gostos e vontades extravagantes, Doris um dia demite seu mordómo apenas por um perdoável erro, sem tempo para escolher outra pessoa para cuidar dos afazeres de sua casa, ela escolhe a primeira pessoa que aparece em sua frente. Bernard, que já tinha sido mordómo de divas como Elizabeth Taylor e Peggy Lee, surge na vida de Doris e logo toma conta de tudo que a cerca, sendo um funcionário absurdamente fiel, ele faz brotar na patroa um sentimento de amizade como ela nunca tinha tido antes. Criaturas solitárias e carentes de afeto, tanto Bernard como Doris encontram um no outro um porto seguro, alguém em quem possa confiar, esse sentimento será levado até as últimas consequências e marcará os dois até suas mortes.
Bernard and Doris é um perfeito exemplo da qualidade que a televisão americana anda mostrando nos últimos anos, com uma fotografia incrível e figurinos soberbos, o filme não fica devendo em nada a produções cinematográficas. Sem ser nenhum pouco confuso e sem afetar a cronologia dos fatos, o diretor Bob Baladan não fica apenas na realidade e usa de fatos fantasiosos para apimentar ainda mais sua história. Tudo no filme é acima da média, a trilha sonora é refinadíssima e as atuações são de primeira linha.
Susan Sarandon e Ralph Fiennes, ambos em grandes momentos, criam duas atuações brilhantes e sublimes, os dois em tela mostram química excelente e constroem atuações dramáticas totalmente fantásticas, por suas atuações, ambos foram indicados ao EMMY, porém perderam, o que apenas prova que premiações não é a forma mais correta de medir o que é bom ou ruim.
Bernard and Doris é um excelente e tocante filme, assisti-lo se torna um verdadeiro prazer e seus econômicos minutos são prazeros e passam de forma rápida e direta. Uma ótima produção.
8.0/10
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