quarta-feira, 16 de maio de 2012

A Professora de Piano



Corre uma lenda no meio cinematográfico, que uma vez, o ator Laurence Olivier viu Dustin Hoffman usando de milhões de artifícios para incorporar seu personagem. Vendo o ator americano se torturando, Olivier disse "Dustin, porque você simplesmente não atua?". Essa frase de um dos maiores atores ingleses, cabe perfeitamente bem para descrever o trabalho de Isabelle Huppert no filme A Professora de Piano, sua primeira e potente parceria com o diretor Michel Haneke. Isabelle não tem a elegância de Catherine Deneuve, não tem a intensidade de Isabelle Adjani e nem o star quality de Juliette Binoche, mas mesmo assim, Isabelle é hoje a maior atriz francesa viva, e uma das maiores do mundo, A Professora de Piano foi o filme chave para a divulgação do seu nome para públicos mais diversos, já que antes ela fazia sucesso apenas entre cinéfilos e fãs de filmes cabeça.

A Professora de Piano conta a história de Erika. Mulher recalcada e presa em uma infância grotesca, Erika vive com sua mãe uma relação surreal, as duas dividem a mesma cama e as vezes chegam até a se agredir, fora de casa, Erika é uma professora respeitadíssima de piano, mas também é bastante famosa por destruir carreiras e sonhos alheios. Fora do mundo familiar e das artes, ninguem sabe que Erika é uma mulher reprimida e acabou criando hábitos sexuais bizarros, que vão da violência física até o voyeurismo. Quando se apaixona por um de seus alunos, Erika passa a se sentir atraida e ao mesmo tempo enojada, criando entre ela e o parceiro uma grande barreira que só irá ser quebrada com as revelações de seus instintos mais escondidos.

A Professora de Piano pode ser colocado facilmente ao lado de Repulsa de Sexo como um dos filmes mais crus a falarem sobre a sexualidade humana nos seus instintos mais baixos. Michael Haneke se mostrou gênio ao pegar como personagem principal de seu filme uma figura que passaria despercebida na sociedade e considerada normal. Fora isso, também mostra grande competência ao criar diálogos pouco vistos e que se ligam entre as duas vertences do filme. Sem usar trilha sonora ou jogo de imagens ousados, o diretor consegue criar tensão e sentimento expiatório na platéia.

Isabelle Huppert, com seu estilo mignon e sardento, cresce de forma grandiosa em sua atuação. A atriz se mostrou corajosa ao topar viver uma personagem que talvez suas colegas de profissão não topariam. Mesmo contando com a ajuda de um personagem carregado de simbolismos e emoções, Isabelle vai além e cria uma personalidade complexa e polêmica para Erika, criando uma das melhores intepretações da década passada e também um dos melhores retratos psicológicos já mostrados no cinema.

A Professora de Piano é um filme interessante e ousado, sua genialidade está em seu roteiro criativo e pelo fato de pegar uma grande atriz, e levá-la até o limite mais baixo da humilhação. Um momento rico e que merece ser sempre lembrado do cinema, uma das grandes obras da década passada.

9.5/10

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