Poucos casos chamaram tanto a atenção na história da Australia como o caso da família Chamberlain. A família Chamberlain era considerada uma família normal, o marido e pai Michael Chamberlain era pastor e tinha feito mestrado e estava partindo para seu doutorado, a esposa e mãe Lindy Chamberlain era dona de casa e cuidava dos filhos, ambos eram queridos pela cidade onde moravam e pelos fiéis da igreja de Michael. Em um final de semana os dois resolvem ir visitar um ponto turistico de seu país e em um intervalo de um churrasco, quando Lindy resolve colocar seu bebê de 1 mês para dormir, ela ouve um choro, volta a barraca e vê uma espécie de animal comum da Austalia, o dimbo, se movimentando perto da criança e depois constata que sua bebê, Azaria, tinha sumido.
Primeiramente Lindy e Michael são considerados inocentes, porém a moral da família já estava totalmente destruída, a fofoca e as teorias rondavam pela Australia, alguns falavam que o casal tinha assassinado a filha em um ritual macabro. Da noite para o dia os dois viram o assunto preferido da imprensa marrom e dos programas sensacionalistas. Um ano depois de serem inocentados o caso é reaberto baseado em um estudo de um suspeito perito inglês, que fala que é impossível um dimbo ter levado uma criança na sua boca, dessa forma o casal é julgado, não apenas pela justiça, mas por toda a população Autraliana, e considerados culpados de assassinato. O caso poderia constar em qualquer livro do escritor Franz Kafka, tamanho os absurdos apresentados no julgamento, todas as testemunhas foram desconsideradas e o júri baseou sua sentença apenas na opinão do tal perito inglês, que já tinha errado em um caso anterior de muita repercussão na Inglaterra.
O caso ganhou repercussão mundial e gerou um filme lançado em 1988 nos Estados Unidos. Para viver Lindy Chamberlain foi escolhida Meryl Streep, que era a atriz favorita de Hollywood na época para viver personagens dramáticos e emocionalmente perturbados, fora isso, Lindy Chamberlain apresentava outro fator que Meryl adorava, a criação de uma personalidade diferente e de um novo sotaque, um dos fatores que diferenciaram a atriz de suas colegas de profissão na época. A produção foi bastante elogiada pela crítica, a atriz chegou a vencer a Palma de Ouro do festival de Cannes e a ser indicada ao Oscar na categoria de melhor atriz.
A produção realmente não faz feio, o diretor Fred Schepisi usa o caso da família Chamberlain para fazer uma grande crítica a imprensa e a opinião pública, que as vezes julga e condena outras pessoas apenas por não seguirem seu modelo de comportamente ideal, em determinado momento Michael se descontrola e passa a duvidar de sua fé, já Lindy passa a demonstrar impaciência nas perguntas feitas pelo promotor. Sam Neil e principalmente Meryl Streep conseguem passar muito bem a personalidade dos dois personagens retratados. Meryl consegue fugir do clichê de personagens femininas sofridas e mostra ao público uma atuação forte e não muito sentimental, a atriz cortou todas as características que fariam o público ter pena de Lindy Chamberlain, as cenas do julgamento em que ela demonstra sua emoção apenas com o olhar são brilhantes.
Um bom filme para passar o tempo, o que poderia se tornar em um filmeco que passa nos Sábados a noite na tv aberta se transforma em um ótimo filme de tribunal e brinda o público com uma grande atuação de sua atriz principal.
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