sábado, 24 de março de 2012

Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres



Hollywood sempre adorou fazer remakes de filmes de sucesso de outros países, porém, a incompatibilidade de idéias entre os cineastas de países que não vivem em uma indústria cinematográfica e os que tem a seu favor grandes orçamentos por parte dos estúdios sempre renderam grandes fracassos de bilheteria e crítica. Para muitos especialistas a diferença principal entre o cinema europeu e o americano, é que os cineastas do "velho continente" adoram um problema, enquanto os do "novo mundo" só querem saber de solução. Se a Europa gosta de deixar algumas pontas soltas na história, os americanos fazem questão de amarrar todas essas pontas, e se em um filme europeu existe apenas uma pequena suposição sobre um romance, em um filme americano ele vira ponto central na trama.

Olhando por esse caso, o Filme Millennium- Os Homens Que Não Amavam as Mulheres não se trata propriamente de um remake, já que o diretor David Fincher deixou bem claro desde o começo que o seu filme era uma adaptação do best seller de mesmo nome, e não do filme sueco lançado em 2009. Ele pode até ter razão olhando por essa ótica, mas é inegável que dirigir esse projeto foi um grande desafio para ele, pois o filme Europeu já tinha status de cult e era considerado uma boa e fiel adaptação pelos fãs do livro.

Como Fincher tem a seu favor um grande orçamento, o seu Millennium é uma produção bem mais grandiosa que o filme original, ele usa de locações, câmeras, efeitos e fotografia muito mais avançadas, e dessa forma pode explorar o mundo bizarro e obscuro com muita mais facilidade que o diretor Niels Arden Oplev. Olhando por esse lado o filme americano poderia ser sim, considerado um melhor filme, já que em questão de diversão se sai melhor que a versão sueca, porém perde diversos pontos no fator supresa e no mistério.

O filme tem como ponto central Mikael Blomkvist, um jornalista derrotado em um processo movido por um empresário corrupto. Mikael está com a moral baixa, mas devido a sua boa capacidade investigativa, é contratado pelo empresário Henrik Vanger para tentar desvendar o sumiço de sua sobrinha, que em uma comemoração familiar acaba desaparecendo sem deixar pistas. Porém, ano após ano Henrik recebe um presente que apenas sua sobrinha mandava, dessa forma, a história se envolve no suspense e ganha pontos altos com a presença de uma personagem especial, Lisbeth Salander, hacker e anti social, mas de inteligência acima da média, que vira assistente de Mikael para desvendar o caso.

A versão americana tem tom moderno e fotografia dark, se trata de uma boa versão do livro, mas perde pontos no mistério que envolve a história. Enquanto a versão sueca prende o público ao concentrar toda sua história no caso da jovem desaparecida, usando o estilo de filmagem clássico do cinema europeu, o filme americano coloca em pauta o relacionamento afetivo que surge entre Mikael e Lisbeth, o que acaba deixando o tom de suspense um pouco de lado, e o final, que poderia ser épico, se torna um tanto quanto óbvio na versão americana, enquanto na sueca, o desenrolar da história promove um final mais criativo e sem afetações. Os filmes em determinados momentos se tornam absolutamente diferentes, já que fatos são usados em diferentes espaços de tempo.

Rooney Mara, escalada para viver Lisbeth na versão americana, tinha como maior desafio superar a elogiada atuação da atriz Noomi Rapace, que tinha feito uma Lisbeth quase impecável na versão sueca. A jovem americana mostrou inteligência em seguir as idéias do livro, dessa forma cria sua própria Lisbeth. Enquanto a protagonista de Noomi é forte, destemida, distante e fria a de Rooney é mais humana e sentimental, talvez por isso o público tenha preferido a atuação de Rooney, porém é com Noomi que Lisbeth ganha ares de heroína épica e se mostra mais fiel ao livro.

Dessa forma a versão Sueca se mostra muito mais fiel e original que a versão americana, não apenas por ter vindo primeiro, mas por ter captado melhor a essência da história.

                                           Rooney e Noomi: A cola cola e o vinho

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