quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Boyhood


Várias pessoas do sexo masculino já passaram pela situação, ás vezes até traumática, de ser obrigado á cortar o cabelo na infância. E logo em seguida ser obrigado a encarar o “bullying” dos colegas na escola, mesmo antes deste termo ter virado moda. Essas sensações, que envolvem memórias pessoais, definem o filme Boyhood. A grande graça da produção dirigida por Richard Linklater está justamente na criatividade de filmar o passar dos anos dos seus personagens através da evolução física de seus atores (Ellar Coltrane, Ethan Hawke, Patricia Arquette e Lorelei Linklater), no decorrer de doze anos de gravações. Esta maneira engenhosa permite ao espectador identificar-se com diversas situações e personagens retratados em cena. Quem não consegue enxergar na personagem de Patricia Arquette suas próprias mães? A atriz consegue destacar-se por criar um retrato quase real de uma mulher comum, mas não sei dizer se a atriz consegue realmente brilhar em cena, quem gosta de atuações “overacting” com toda certeza não irá achar a atuação de Patrícia Arquette grande coisa. A atriz destaca-se por sua transformação física, mas quem chama a atenção mesmo é Ethan Hawke, criando uma personalidade assustadoramente carismática para seu personagem. Os dois atores mirins que crescem em cena e permitem no espectador uma grande identificação, mostram coragem por terem topado registrar suas dores de crescimento de forma tão superexposta. Qualquer pessoa tem dificuldade de imaginar as gravações das situações mais constrangedoras das suas vidas, e é justamente este sentido que Boyhood tenta passar. O ponto negativo do filme, apesar dele ser necessário para o desenvolver da história, está em sua duração que chega até duas horas e quarenta minutos. Enquanto o roteiro retrata o personagem principal até a sua pré-adolescência o filme é uma delícia, porém, quando entra no período da adolescência torna-se enfadonho e arrastado. Impossível não se sentir entediado nos últimos dez minutos, mas para quem está sem nada o que fazer, até que é um bom passatempo. 

7,0/10



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