Já se vão
quinze anos desde que Julianne Moore foi indicada ao Oscar pela última vez, tal
fato aconteceu na edição de 2003, quando a atriz conseguiu o feito de ter duas
indicações por seus trabalhos em Longe do Paraíso e As Horas. Julianne surgiu
na indústria do cinema como um frescor para os diretores, a atriz conseguia
desenvolver qualquer tipo de papel durante a década de noventa. Trabalhou com
Robert Altman em algumas produções, entre elas o clássico Short Cuts, e virou
queridinha de Paul Thomas Anderson, com quem trabalhou nos impactantes Boggie
Nights e Magnólia. Desenvolveu com Neil Jordan uma sensível atuação em Fim de
Caso e chegou ao auge por seus trabalhos com Todd Haynes e Stephen Daldry em
2002. A partir daí Julianne parece não ter sido mais pressionada a nada dentro
da indústria, trabalhou no brilhante Filhos da Esperança, no tocante A Single
Man e no bom The Kids Are All Alright. Esses trabalhos renderam prestígio, mas
não aclamação. Julianne era considerada uma das melhores de sua geração, porém,
faltavam prêmios de gabarito em sua estante. Eles começaram a vim por seu
trabalho no telefilme Game Change, onde viveu Sara Palin. Julianne surpreendeu
tanto que se tornou uma hegemonia, não dando espaço para suas concorrentes
vencerem qualquer estatueta. Foi o pontapé inicial para chegar em 2014
brilhando em Maps To The Stars e Still Alice.
MAPS TO THE STARS
A produção era aguardada pelos
nomes envolvidos, principalmente o diretor David Cronenberg e a
atriz Julianne Moore. O filme não responde às expectativas (pelo menos não as
minhas), o diretor parece inspirar-se em filmes como Crepúsculo dos Deuses e O
Jogador para criar uma crítica ao universo cinematográfico moderno e a
indústria da fama. O roteiro intercala diversas histórias para chegar a um
final que poucas pessoas devem ter entendido. Na história tem o roteirista que tenta chegar
ao estrelato (Robert Pattison), o astro adolescente problema a lá Justin Bieber
(Evan Bird) e a assistente prestativa (Mia Wasikowska, que parece estar em
todas), mesmo com tantos personagens, o único que você se lembra no final
da produção é o de Julianne Moore. A atriz interpreta uma atriz decadente que
tenta encarnar uma personagem que no passado já foi de sua mãe, o papel
lembra o de Gloria Swanson em Crepúsculo dos Deuses. Encarnando uma personalidade
tão controversa, Julianne rouba a cena e faz valer às horas do espectador.
Moore mostra coragem ao encarar cenas que atrizes que se encontram na mesma
posição em que ela se encontra não teriam feito de jeito nenhum, caso da
surreal cena onde a personagem evacua enquanto conversa com sua assistente.
Pelo papel a atriz vendeu a inédita Palma de Ouro do Festival de Cannes, uma
honra que poucas atrizes americanas já tiveram a chance de terem tido. Porém,
o estúdio resolveu não bancar uma campanha para a atriz no Oscar.
6.0/10
Still Alice
A indústria do
cinema parece estar criando uma sub-indústria cinematográfica sob a doença do
Alzheimer. Em 2004 foi lançado Diário de uma Paixão, produção romântica que
tinha como pano de fundo a doença que vitimou a protagonista em sua velhice. O
seu marido lia o diário dela todos os dias para desta forma ela voltar a sua
consciência por apenas alguns minutos. Em 2007 foi lançado Longe Dela, produção
melancólica que mostra todos os estágios pelos quais uma vítima do Alzheimer
passa até desaparecer no esquecimento mental. Julie Christie arrasa no papel
principal e venceu o Golden Globe e o SAG Awards, sendo indicada ao Oscar e
perdendo para Marion Cotillard. Agora é lançado Still Alice, a terceira
produção grandiosa sobre a doença. Depois de Gena Rowlands e Julie Christie,
agora é a vez de Julianne Moore, que se encontra em uma idade inferior ao das
atrizes anteriores. Este fato tem a ver com o roteiro da produção, já que a
Alice do título é uma vítima precoce da doença. Alice era uma respeitada e
conceituada professora de linguística, até começar á esquecer coisas básicas,
como palavras. Uma das belezas do roteiro criado por Lisa Genova está nesta
metáfora, uma especialista em línguas começa á esquecer algumas palavras que
ajudam no formar e no desenvolver de uma língua como a inglesa. A partir daí sua
decadência mental acentua-se, esquecendo-se do lugar onde trabalhou, onde o
banheiro de sua casa de praia se encontra, do nome da filha mais velha e por
alguns minutos esquece que está falando com sua filha caçula, em uma das cenas
mais brilhantes da produção. O filme dirigido por Richard Glatzer não é tão
sensível quanto Longe Dela, mas não posso afirmar se isso vem do fato de Still
Alice ser dirigido por um homem, enquanto Longe Dela foi dirigido por uma
mulher. Still Alice é uma produção mais melodramática do que o filme de 2007,
em alguns momentos lembra inclusive o clássico Laços de Ternura, principalmente
nas cenas onde a mãe e a filha caçula (interpretada pela “ex-Crepúsculo” Kristen
Stewart, em um raro momento de sinceridade) dialogam sobre a doença. Apesar de
ser um belo filme, Still Alice ainda vale mesmo pelo prazer de ver mais uma
brilhante atuação de Julianne Moore. A atriz está mais sensível, comovente e
emocionante que nunca, consegue desaparecer totalmente de sua personalidade
pública e cria um retrato real de uma vítima do Alzheimar. Alguns sinais apontam que a atriz irá vencer o Oscar, durante o filme tem até uma daquelas cenas de discursos que a academia ama premiar, e o críticos amaram sua atuação desde as primeiras exibições em festivais. Porém, se a academia premiar atuações por suas qualidades e não por políticas, Julianne Moore realmente surge como uma favorita absoluta, sua atuação é belíssima.
7,5/10
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