Fim da década de 60 do século passado, o cinema do mundo inteiro estava focando sua criatividade em uma visão mais ousada e rebelde, exemplos disso são as produções A Bela da Tarde e Blow Up. Nos Estados Unidos, os grandes campeões de bilheteria da década eram A Noviça Rebelde e Mary Poppins, ambos estrelados por Julie Andrews, que eram pontuados por temáticas imaginativas e até um pouco infantis. Com o surgimento da revolução sexual e do movimento hippie, o cinema americano foi começando a lançar suas primeiras produções mais modernas, entre elas estava A Primeira Noite de um Homem, mas o grande pontapé para a grande mudança do cinema americano aconteceu mesmo com Sem Destino, produção pequena e ousada que tinha como seus protagonistas dois motoqueiros livres vivendo em uma América careta e antiquada.
Peter Fonda e Dennis Hopper, que além de protagonistas também são roteiristas da produção, criaram uma história que representa com perfeição a geração anos 60, época em que os ideais de sociedade ficaram mais livres em relação ao modelo considerado correto. Os dois personagens do filme são modelos perfeitos para o que poderia se considerar contracultura, são rebeldes, livres e não andam nos trilhos. A viagem que começa através da venda de um pacote de cocaína, acaba ganhando ares revolucionários, quando os dois acabam cruzando com diversas figuras exóticas e que correspondem aos excluídos da sociedade.
A direção do filme, apesar de um pouco caseira, é incrivelmente bem feita, as cenas mostradas durante a viagem dos dois protagonistas são de tirar o fôlego e mostra uma América pouco vista em outros filmes do gênero. Apesar dos diálogos não serem o forte da produção, roteiro é um dos pontos altos, mostrando conversas desfocadas da realidade, mas que representam momentos de fuga em relação ao padrão correto. O elenco também está ótimo, além dos dois protagonistas, Jack Nicholson rouba a cena como um advogado alcoólatra que entra na viagem em busca de um pouco de diversão.
Sem Destino não é apenas um filme, é um retrato de uma geração, um dos filmes mais ousados do período e que conseguiu envelhecer bem e influenciar diversas outras produções. Um dos raros momentos do cinema americano em que sétima arte conseguiu representar com perfeição a geração correspondente ao seu período.
Nota: 9,0